<$BlogRSDURL$>

quinta-feira, novembro 27, 2008

"TEMPO DE DELICADEZA"
.
Recebi de uma amiga muito querida o texto Tempo de Delicadeza, de Affonso Romano de Sant'Anna.
Tenho quase certeza de que tenho este texto recortado do jornal (se não me engano, do jornal O Globo, da coluna que ele tinha lá - não sei se ainda tem...). Está em alguma gaveta minha, à espera de uma limpa. (Há sempre uma gaveta interna à nossa espera; sempre temos o que limpar da alma...).
Não vou transcrever o texto todo, mas somente uns trechos. Vale a pena:
.
Sei que as pessoas estão pulando na jugular uma das outras.
Sei que viver está cada vez mais dificultoso.
Mas talvez por isso mesmo ou, talvez, devido a esse maio azulzinho, a esse outono fora e dentro de mim, o fato é que o tema da delicadeza começou a se infiltrar, digamos, delicadamente nesta crônica, varando os tiroteios, os seqüestros, as palavras ásperas e os gestos grosseiros que ocorrem nas esquinas da televisão e do cinema com a vida.
Talvez devesse lançar um manifesto pela delicadeza. Drummond dizia: "Sejamos pornográficos, docemente pornográficos". Parece que aceitaram exageradamente seu convite, e a coisa acabou em "grosseiramente pornográficos". Por isso, é necessário reverter poeticamente a situação e com Vinícius de Morais ou Rubem Braga dizer em tom de elegia ipanemense:
Meus amigos, meus irmãos, sejamos delicados, urgentemente delicados.
Com a delicadeza de São Francisco, se pudermos.
Com a delicadeza rija de Gandhi, se quisermos.
(...)
Esta aí: porque somos ferozes precisamos ser delicados. Os que não puderem ser puramente delicados, que o sejam ferozmente delicados.
(...)
Confesso que buscando programas de televisão para escapar da opressão cotidiana, volta e meia acabo dando em filmes ingleses do século passado. Mais que as verdes paisagens, que o elegante guarda-roupa, fico ali é escutando palavras educadíssimas e gestos elegantemente nobres. Não é que entre as personagens não haja as pérfidas, as perversas. Mas os ingleses têm uma maneira tão suave, tão fina de serem cruéis, que parece um privilégio sofrer nas mãos deles.
Tudo é questão de estilo.
(...)
Penso nos grandes delicados da história. Deveriam começar a fazer filmes, encenar peças sobre os memoráveis delicados. Vejam o Marechal Rondon. Militar e, no entanto, como se fora um místico oriental, cunhou aquela expressão que pautou seu contato com os índios brasileiros: "Morrer se preciso for, matar nunca".
(...)
Mas de novo vos digo: sejamos delicados. E, se necessário for, cruelmente delicados.
.
O texto completo você pode ler aqui.
.
*******************************************************
.
Não sei se resisto, mas devo ficar um tempo fora. Até a volta.
.
Comments:

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Site Meter